Há uns dias, foi-me pedido para escrever acerca do livro da minha vida. Adivinhou-se logo uma decisão complicada...
Gosto de tantos livros que é de facto muito redutor falar apenas de um, diria que aquele de que vou falar hoje é um velho amigo que, sempre que estou indecisa ou sem ânimo para novidades, é o meu porto seguro.

Tem uma história de amor, mas só com passar da leitura nos apercebemos da dimensão do sentimento, do peso que ela tem para um Paulo que nada mais tem senão as recordações e uma profunda necessidade de manter viva a imagem do seu amor.
A história com disse atrás não é linear, o autor vai discorrendo sobre episódios vários da sua vida, reflectindo sobre o lugar das coisas, mas, acima de tudo, sobre o pesado fardo da solidão. A finitude e a dolorosa sensação de não ser, de ser olhado sem ser visto.
E, pelo meio, o amor sem lamechices, sem os clichés habituais. Contudo, apaixona, ficamos presos a esta história, torcendo para que aquela Sandra tão fria e distante se desconstrua e se deixe amar.
Este livro é para mim um dos melhores que li até hoje. Faz pensar, leva tempo a ser digerido, leva-nos ao âmago das questões e toca no maior dos medos do Homem, o estar só. Paulo foi sempre órfão; o pai partiu; a mãe enlouqueceu; está só e Sempre esteve só, mesmo com Sandra.
"Porque tu hás-de ser grande e hás-de estar só, como é próprio da grandeza. E é tão difícil estar só. Que é que há-de encher a tua solidão?"
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